No
dia 14 de Abril o Núcleo de Pesquisa em Estudos Culturais, NPEC, deu início a
segunda temporada do Trilhas Culturais. Evento promovido com o intuito de
debater temáticas as linhas de pesquisa do grupo.
No
mês de Maio o Trilhas Culturais debateu temáticas ligada à linha de Gêneros e
Sexualidades com as pesquisadoras Saoara Sotero e Mayana Soares. Duas adeptas
da Teoria Queer, elas trouxeram para a luz da discussão, sob a perspectiva
Queer temas considerados abjetos no meio acadêmico, como corpo como lócus
performático, LGBT, gêneros, sexualidades, feminismo, relações, prazeres e
práticas sexuais dissidentes. O termo queer era utilizado nos EUA de forma
ofensiva contra os gays, no início dos anos 80 uma série de pesquisadores
iniciou a teoria tomando para si o termo queer esvaziando-o do sentido negativo
que tinha e criando uma categoria que pudesse compreender o mundo marginalizado
das sexualidades dissidentes, ou seja, aquela que não está nos padrões estabelecidos
socialmente como corretos. Não há uma tradução específica do termo para o
português, mas segundo Louro (2004) o termo pode ser traduzido por estranho,
talvez ridículo, excêntrico, raro, extraordinário”. A teoria queer não tem o
objetivo de se tornar uma identidade, pelo contrário, a identidade tem um
caráter normativo a medida que o sujeito precisa afirmar determinadas
bandeiras. A teoria Queer defende que o sujeito social esta em constante
transformação, portanto não pode estar conformado em determinados padrões que o
impedem de expressar suas múltiplas formas de ser e estar.
Dentro
desta perspectiva, no dia 19 de maio de 2012 a pesquisadora Saoara Sotero exibiu
o filme Delta de Vênus. Esta obra é baseada no livro de contos erótico de Anais
Nin. A autora foi diretamente influenciada pelas teorias freudianas no início
do século XX, pela produção erótica da época e a cultura de produzir contos
erótico sob encomenda, sendo esta última característica a origem do livro que
da vida ao filme e não por coincidência é um atributo da protagonista do filme,
assim, os contos são obras fictícias e ao mesmo tempo autobiográficas. O filme
faz uma compilação dos diversos contos do livro e mostra a busca de sua
protagonista, Elena, pela sua descoberta sexual, explorando as múltiplas
possibilidades de sua autorrealização sexual. Esta descoberta ocorre depois de
uma decepção amorosa e de um amor romântico idealizado e de ser provocada a
escrever sobre sexo. Elena se permite explora seus desejos sexuais se tornando
uma mulher consciente de sua sexualidade e de sua capacidade de se realizar
sexualmente fora de um relacionamento monogâmico. Após o filme foram debatidos
categorias fundamentais como gêneros, sexualidades, práticas sexuais
dissidentes, autorrealização sexual e poliamor, sob a perspectiva queer e de
autor@s como Butle e Benítez.
No
dia 19 de maio de 2012 foi a vez de a pesquisadora Mayana Soares dirigir o
debate a partir da exibição da entrevista do cartunista Laerte Coutinho ao
programa Roda Viva. Laerte gerou polêmica ao aderir a indumentária feminina, e
ao tentar, sem sucesso, usar o banheiro feminino em uma lanchonete, rompendo,
pois, com os padrões sociais do que deve ser o comportamento masculino e
feminino.
O
cartunista foi submetido por quase duas horas a questionamentos sobre seu
trabalho, mas o assunto principal girou em torno do fato de estar transgênero.
Durante
a entrevista ficou visível o quanto os debatedores ficaram desestabilizados,
sem saber como dialogar ou como se referir a Laerte. A forma “transitiva” como
o convidado se põe, de se permitir experimentar as possibilidades existentes
chocou os amigos que convive com ele há anos.
Através
desta entrevista foi possível o debate, dirigido por Mayana Soares, das
construções sociais a cerca de gêneros e da divisão binária, masculino e
feminino, e dos papeis afetivos, comportamentais, psicológicos que são
estabelecidos para casa um, divididos a partir da genitália. Entendendo esta
questão pela teoria queer Laerte subverte a linha coerente da sexualidade que
estabelece o gênero e o sexo a partir da genitália, masculino/homem,
feminino/mulher, o desejo sexual que deve ser pelo sexo oposto e ter uma
prática sexual heterossexual.
A
linha de pesquisa Gêneros e Sexualidades cumpriu de forma louvável o seu
objetivo de por em debate e de (re) formular concepções normatizadas e
naturalizadas pela sociedade, quebrando com os paradigmas hierárquicos que
constitui as relações sociais.
Muito bom... Novas discussões irão brotar.
ResponderExcluirAHAZOU!!!! May
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